EXPOSIÇÃO DE MARLENE MONTEZI BLOIS

A arte contemporânea segue viva, na busca de caminhos que expressem um hoje em transição contínua. Caminhos novos re-vistos, percepções ampliadas que se apresentam na arte. Não como um mero objeto de contemplação ou mesmo comercial, mas, sim, com as tintas da sensibilidade, expressividade e da subjetividade, como a que se vê na criação de Marlene Montezi Blois (ou apenas Marlene Blois, como em geral assina seus trabalhos). Com formação na EAV, Marlene segue nesta linha de conotação lírica ou mesmo simbólica, sem que se enquadre em estruturas e protocolos definidos por uma escola ou um momento, na sequência dinâmica da história do homem e da arte.

Marlene é carioca e começou seus estudos de pintura muito jovem, continuados na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, com o mestre Chico Cunha, já tendo exposto seus trabalhos em outras três ocasiões. Autora de livros e artigos técnicos, muitos publicados em outros países, lançou seu primeiro livro de poesias, “Pacto com o tempo”, em 2011 pela editora Gramma, estando previsto o lançamento, para novembro deste ano, do segundo, ”O mundo que em mim habita”, pela mesma editora. No baú das lembranças, a poesia emerge como forma de expressão e sentir, ainda como estudante do ensino fundamental, quando escrevia redações em versos.

Nos trabalhos atuais em exposição, é nítida a liberdade de experimentação, onde elementos plásticos, como planos e cores, ganham outra significação, retratando o retorno às intenções expressivas e o resgate da subjetividade. A forma não é autônoma, entendendo-se que, em cada obra, a expressão e implicações simbólicas ou sentimentais que carregam como requisito fundamental do trabalho artístico é a intuição. E aí estão explícitas as possibilidades criadoras da artista, ancorando o fazer artístico na experiência definida no tempo e no espaço, na construção de um humanismo que não se encontra afastada, em nenhum momento, da aura da obra de arte.

Em seus trabalhos, liberta-se de limites de determinados esquemas perceptivos, como reações cromáticas, ritmo, composição, linhas/superfícies. O usa desconstruir de certo modo, com cores e pinceladas, as formas geométricas apenas insinuadas, ou seja, o geometrismo puro deixa de ter representatividade em si, como uma reação ou mesmo negação ao excesso de racionalismo que pudera tomar. Dá, assim, ênfase à subjetividade no processo criativo artístico, com inúmeras possibilidades de expressão, sem planos rígidos.

Fica evidente que para Marlene a cor é elemento com presença marcante em todos os seus trabalhos, porque a sente como enigmática, instigante, um desafio e, como tal, impossível de ser racionalizada. Cores e coloridos mantêm uma lógica própria que a fascina, que acentua o ritmo das linhas, que define certa dinâmica entre os diversos planos, que traz luminosidade ao todo. Enquanto a forma é mero elemento racional, o contexto guarda texturas , manchas, pinceladas marcadas, dando efeito muitas vezes de uso de espátula. O colorido transmite emoções, vibra, as cores assumem uma dimensão simbólica bastante forte.

Como poeta e pintora, Marlene integra dois mundos e cria seus QUADREMAS, um espaço novo onde Poesia e Pintura, formas de expressão distintas, se materializam. Porque, segundo ela, não há como delimitar e cercear duas condições de dar vida ao mundo que nela habita.

Em total liberdade de criação, Marlene busca, com sua percepção estética, captar a ambiguidade do mundo e com sua sensibilidade poética e na dramatização do fazer artístico, descobrir novas significações para o que vê, sente, capta, mescla, intui. Porque entende que “ver não esgota a experiência do olhar”.

Nesta exposição, é assim que o mundo se concretiza em cores e poesia em seu mundo.

GALERIA DE ARTE SALA DJANIRA Botafogo/Rio
1 a 25 de outubro de 2013